O norte-americano Cole Hocker é o inesperado campeão olímpico dos 1.500 metros, beneficiando do infeliz trabalho de ‘lebre’ do norueguês Jakob Ingebrigtsen, cuja estratégia na final de hoje, no Stade de France, saiu totalmente gorada.
A corrida de 1.500 metros com melhores resultados de sempre em profundidade – quase 10 atletas abaixo dos 3.30,00 minutos – foi liderada desde muito cedo pelo prodígio norueguês, mas o plano não correu como esperava o campeão olímpico de há três anos e nos últimos 100 metros perdeu três posições, sendo relegado para quarto, já fora do pódio.
A espetacular final de meio-fundo destacou-se com naturalidade no programa olímpico de Paris2024, em que também se distribuíram medalhas nos 200 metros, nos 3.000 metros obstáculos e no martelo, no setor feminino, e no salto em comprimento, no masculino.
Hocker, com 3.27,65, ganhou com todo o mérito, batendo recorde olímpico e dos Estados Unidos, quando toda a gente estava focada no duelo entre o favorito Ingebrigtsen, o britânico Josh Kerr, campeão do mundo, e ainda o queniano Timothy Cheruiyot.
Na verdade, estavam todos a correr pelo pódio, o que se comprova pelo conjunto global de marcas, com 10 atletas até 3.31,00, no que foi a melhor corrida de sempre, em termos de profundidade.
Kerr, apesar de segundo, esteve ao seu melhor nível – muito batalhador e cronometrado em 3.27,79, novo recorde britânico (o anterior registo era de Mo Farah).
O bronze foi para outro norte-americano, Yared Nuguse, com um recorde pessoal de 3.27,80, também ele à frente, no sprint final, do ‘estourado’ Ingebrigtsen.
No plano do norueguês, que é recordista europeu, não estava, por certo, a reação valorosa dos seus adversários, com sete do top 10 a fazerem recordes pessoais, incluindo quatro máximos nacionais (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e Itália).
Ainda no plano das desilusões, tem de se destacar o registo dos dois atletas quenianos, somente 11.º e 12.º, ou seja, penúltimo e último, algo inédito para a potência africana do meio-fundo.
O Quénia também ficou com um ‘gosto amargo’ na excelente final de 3.000 metros obstáculos, com Faith Cherotich a ser bronze, em 8.55,15 minutos, o seu recorde pessoal.
A vitória foi para a bareinita Winfred Yavi, campeã mundial, que agora correu para o novo recorde olímpico em 8.52,76, superando por muito pouco a competitiva ugandesa Peruth Chemutai (8.53,34), a campeã de Tóquio2020.
No quarto lugar, a francesa Alice Finot melhorou o recorde da Europa para 8.58,67.
A velocista Julien Alfred, de Santa Lucia, não conseguiu juntar o título de 200 metros ao do hectómetro, que já tinha, sendo segunda, atrás da norte-americana Gabrielle Thomas.
Gabby Thomas venceu com 21,83 segundos (vento de -0,6 metros por segundo), claramente à frente de Alfred, por 25 centésimos. O bronze será entregue a outra atleta dos Estados Unidos, Brittany Brown (22,20).
No lançamento do martelo, a canadiana Camryn Rogers, que chegou como campeã do mundo, dominou com clareza e triunfou com um ‘tiro’ de 76,97 metros.
A norte-americana Annette Nneka Echikunwoke fica com a medalha de prata (75,48) e a chinesa Zhao Jie com a de bronze (74,27). Mesmo à porta do pódio fica a polaca Anita Wlodarczyk – aparentemente, é o ‘fim de caminho’ para a atleta que chegou a Paris como tripla campeã olímpica.
Para o grego Miltiadis Tentoglou, não é esse o momento da carreira, no salto em comprimento. Defendeu o título e continua a ser o detentor de todos o ‘cetros’ possíveis: é campeão olímpico, mundial e europeu.
Hoje, saltou 8,48 metros, com o jamaicano Wayne Pinnock a ser segundo, com 8,36, e o surpreendente júnior italiano Mattia Furlani terceiro, com 8,34, depois das pratas no Mundial ‘indoor’ e dos Europeus Roma2024, em ambos os casos atrás de Tentoglou.