Incrível! O golo anulado no Arouca-Boavista que foi contra a lei e o VAR: “É que toda a gente em campo quer…”

O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol esteve, ontem, em direto na Sport TV a explicar algumas das decisões tomadas pelos árbitros e video-árbitros em jogos da I Liga e da Taça de Portugal.

Um dos jogos analisados foi o Arouca 2-1 Boavista, da 29.ª jornada da I Liga, ganha pelos arouquenses por 2-1. O árbitro Carlos Macedo e o VAR Miguel Nogueira tiveram muito trabalho. Um dos lances analisados foi um golo mal anulado ao Arouca.

Aos 57 minutos, numa altura em que o Boavista jogava com menos um e perdia, o árbitro anulou um golo a Rafa Mujica, do Arouca, alegando mão na bola na jogada.

O VAR, bem, chamou-o a atenção de que o jogador que marcou o golo não tinha jogado a bola com a mão, logo, não havia motivo para anular o golo. Mas Carlos Macedo assim não entendeu e manteve a decisão inicial, indo contra as regras (mão acidental) e as recomendações do VAR.

Vídeo: Veja o golo anulado ao Arouca

Eis o diálogo entre o árbitro e o VAR.

“VAR (Miguel Nogueira): Macedo?

Árbitro (Carlos Macedo): Sim?

VAR: Daqui VAR, eu recomendo que venhas à zona da revisão para analisares a falta que marcaste. Está bem?

Árbitro: Mas ele não jogou a bola com a mão?

VAR: Ele joga, mas não é ele que marca. Ele leva com a bola na mão, mas para mim a mão está numa posição completamente natural. Ele é surpreendido e a bola acaba por atingir o braço e sobre para outro jogador.

Árbitro: Vamos lá ver o que é que eu tenho de fazer aqui. Vamos lá ver. Ajuda-me aí, Miguel.

VAR: Ou seja, neste momento a bola…

Árbitro: A bola toca na mão.

VAR: A bola aqui toca-lhe na mão.

Árbitro: Sim

VAR: E depois, de seguida, quem vai marcar é o número 23. Não é ele. Ou seja, se fosse o jogador que joga a bola com a mão a marcar teríamos obviamente de invalidar.

Árbitro: Ou seja, é só se for ele, não é?

VAR: É. Como é o outro, para mim, não há infração de mão na bola. Antes de fecharmos a decisão deixa-me só validar a fase de ataque toda que não o fiz há bocadinho.

Árbitro: Então vê por favor. Ele joga a bola com a mão e o outro remata logo e é golo.

VAR: Certo, mas não é o mesmo jogador.

Árbitro: Mete esta imagem novamente. O braço está aberto, ó Miguel. Eu sei que ele não vê a bola.

VAR: Eu percebo a interpretação, Macedo. Para mim, ele é surpreendido e leva com a bola.

Árbitro: Ó Miguel… Vamos lá. Ok. Ou seja, é noutro jogador.

VAR: É outro jogador. Se for o mesmo jogador a marcar, claramente temos que anular, passa a ser factual.

Árbitro: E eu vou dizer o quê? Que isto é natural? Ajuda-me na comunicação.

VAR: Na minha opinião, a bola

Árbitro: É que toda a gente em campo quer… Olha eu vou manter a decisão.”

João Ferreira, do Conselho de Arbitragem, analisou o lance e confirmou a boa decisão do VAR, deixando reparos para o árbitro de campo pela “decisão incorreta”.

“O árbitro entendeu que houve infração. Aqui temos de perceber que há uma mão acidental, em que a bola vem de trás, acerta na mão do jogador do Arouca, que até está meio flácida e completamente natural. Isto não constitui infração. Só o é se for ele a seguir a marcar golo, o que não acontece. O golo é legal. Leitura correta do VAR, isto é uma mão acidental. O Carlos Macedo teve todas as ferramentas para validar este golo que tinha invalidado inicialmente. A interpretação do árbitro foi de que o braço está numa posição não natural e aberto. Não está. O que poderá ter levado a esta decisão, pode ter sido o facto do árbitro já não ter tido o descernimento necessário. Uma decisão incorreta”, analisou o antigo árbitro.

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