O véu foi levantado pela comunicação social há semanas e nunca foi desmentido por André Villas-Boas. Pelo contrário, paulatinamente, a hipótese de Andoni Zubizarreta para assumir o cargo de diretor desportivo do FC Porto, no caso do antigo treinador vencer as eleições, é cada vez mais uma realidade devidamente sustentada.
Na primeira vez que foi confrontado, Villas-Boas não escondeu a forte ligação com o seu antigo diretor desportivo no Marselha. Mais recentemente, em entrevista à RTP1, o agora candidato à presidência dos azuis e brancos foi mais longe nas explicações.
“O meu FC Porto do futuro assentará numa direção desportiva estruturada, que vai ser o coração da sustentabilidade financeira do nosso clube. A formação, a performance ou a prospeção terão novos papéis a jogar aqui. Tudo isto obedece a uma direção desportiva estruturada, na qual vou dar confiança a pessoas com as quais trabalhei. Zubizarreta? É muito possível que isso aconteça. Vai ser um anúncio para esta quinta-feira e acho que será do agrado dos sócios”.
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André Villas-Boas e Andoni Zubizarreta trabalharam juntos de 2019 a 2020, aquando da passagem do antigo treinador do FC Porto pelos franceses do Marselha: “Tive uma relação de muita empatia profissional e pessoal com o Zubizarreta e já tenho planos muito bem definidos quanto à direção desportiva”.
Entretanto, nas redes socias, Villas-Boas já revelou num vídeo – sem nunca mostrar Andoni Zubizarreta – a chegada do antigo jogador ao Porto.
O nome, que deve ser apresentado esta quinta-feira, já mereceu reparos de Pinto da Costa. O líder portista entender ser uma escolha bizarra, sobretudo pelo desconhecimento que, a seu ver, o espanhol terá do futebol português.
“É uma decisão bizarra escolher para um lugar importantíssimo um estrangeiro que não tem o mínimo conhecimento do futebol português. Não se trata de conhecer o mercado, que isso toda a gente conhece, mas conhecer jogadores, treinadores e o futebol português”, disse Pinto da Costa em entrevista à Radio Renascença.
Andoni Zubizarreta: O rótulo de comprar bem, mas caro
Andoni Zubizarreta será, no caso de Villas-Boas vencer as eleições, o nome forte para o projeto desportivo do FC Porto.
O basco, de 62 anos, está inativo desde que trabalhou como diretor desportivo do Marselha, entre 2016 e 2020, quando repetiu as funções exercidas durante as passagens pelos espanhóis do Athletic Bilbau (2001-2004) e do FC Barcelona (2010-2015), onde começou por assumir funções de diretor para o futebol.
Foi responsável pelas contratações de Neymar, Ter Stegen, Jordi Alba ou Luis Suárez e visto como o principal responsável pelos últimos grandes plantéis do conjunto blaugrana.
De resto, a última Liga dos Campeões conquistada pelo Barcelona, que esta terça-feira voltou a ser afastado da liga milionária aos pés do PSG, foi precisamente no ano de saída de Zubizarreta, em 2015.
Em janeiro desse ano, o antigo guarda-redes espanhol acabou demitido por Josep María Bartomeu. Para além da Champions, os ‘culés’ venceriam também a liga espanhola nessa época.
Um ano depois rumou a Marselha, onde se cruzou-se com André Villas-Boas., numa amizade que perdura até hoje. Por lá ficou entre 2016 e 2020.
Os dois elementos conseguiram transformar a equipa gaulesa na principal rival do PSG, mas sem nunca o ter conseguido superar. Foi com o espanhol que chegaram ao Vélodrome nomes como Dimitri Payet, Kostas Mitroglou ou Kevin Strootman.
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A dúvida maior que recai sobre Zubizarreta está relacionada com a difícil situação financeira do FC Porto e nas prováveis limitações na aquisição de jogadores, um dado que pode significar uma verdadeira dor de cabeça para qualquer diretor desportivo, nomeadamente para o espanhol, habituado a abrir os cordões à bolsa (e muito) para atacar o mercado.
Caso André Villas-Boas vença as eleições, esse poderá ser um obstáculo para o antigo guarda-redes, que certamente já terá conhecimento da frágil situação económica vivida pelos dragões.
Como jogador, Zubizarreta somou um total de 958 jogos, a maioria em representação do Barcelona (410). Despediu-se dos relvados em 1997/1998, após quatro épocas ao serviço do Valência.
Conquistou 6 vezes a La Liga, 3 Supertaças Espanholas e 3 Taças do Rei. Internacionalmente, tem no seu palmarés uma Liga dos Campeões, 1 Taça das Taças e 1 Supertaça Europeia.
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