A três meses do Campeonato da Europa, como andam os grandes favoritos ao título?

A pouco menos de três meses para o Campeonato da Europa, que se disputa na Alemanha (14 de junho a 14 de julho), já se realizaram os últimos encontros amigáveis antes das convocatórias finais para a competição. A questão que se impõe é: em que ponto estão os principais candidatos a levantar o troféu de campeão europeu, que vão lutar para suceder à Itália?

PORTUGAL A Seleção Nacional, orientada por Roberto Martínez, não é invencível. Depois de 11 vitórias em 11 jogos desde que o espanhol assumiu o comando da equipa no pós-Mundial 2022, realizou uma campanha perfeita na qualificação para o Europeu, mas a derrota surgiu na terça-feira, frente à Eslovénia (2-0). Poucos dias antes, Portugal bateu a Suécia, que não estará presente na competição, por 5-2.”O objetivo desta noite não era vencer, era testar”, garantiu Martínez em entrevista à RTP, após a derrota com os eslovenos. “Depois destes noventa minutos, estamos mais preparados para o Europeu”, disse o selecionador nacional.
Cristiano Ronaldo (39 anos) não jogou contra os suecos, mas participou na derrota em Liubliana. Quase não criou perigo e o momento de forma que atravessa é uma das incógnitas de Portugal antes do torneio.

ITÁLIA A atual campeã europeia encerrou a participação no período de preparação de março com duas vitórias na excursão pelos Estados Unidos da América: 2-1 contra a Venezuela e 2-0 frente ao Equador.
É verdade que a ‘Nazionale’ terá adversários de muito mais peso no Campeonato da Europa (uma vez que terá pela frente Espanha, Croácia e Albânia na fase de grupos), mas o equilíbrio deve inspirar confiança numa seleção que viveu grandes deceções nos últimos anos, como a ausência dos dois últimos Mundiais.
Mateo Retegui (autor de dois golos contra a ‘Vinotinto’) lidera uma geração (Zaniolo, Raspadori, Cambiasso, Scalvini) que o selecionador Luciano Spalletti tenta misturar com os resistentes do título conquistado há três anos (Donnarumma, Jorginho, Barella, Chiesa, Di Lorenzo).

ALEMANHA Se há uma seleção que saiu mais forte nesta janela de amigáveis internacionais foi a anfitriã do torneio. A ‘Mannschaft’ viveu um ano terrível em 2023 (com apenas três vitórias em 11 jogos), o que custou o cargo ao selecionador Hansi Flick.
No entanto, a chegada de Julian Nagelsmann ao comando técnico e, sobretudo, o regresso de Toni Kroos após quase três anos de ausência por decisão do próprio, parecem ter devolvido o entusiasmo a todo o país.
A Alemanha conseguiu duas vitórias de respeito contra duas outras potências europeias e mundiais (2-0 com a França e 2-1 no jogo com os Países Baixos) e, mais importante, Nagelsmann parece ter encontrado a fórmula para misturar com sucesso a ‘velha guarda’ (Kroos, Gündogan, Rüdiger, Kimmich, Müller) com a juventude e a inexperiência (Musiala, Wirtz, Koch, Mittlestadt, Führich).
Ainda assim, fica uma pergunta no ar: depois destes bons resultados, Nagelsmann continuará sem convocar jogadores importantes como Goretzka, Gnabry, Emre Can, Hummels e Sané?

FRANÇA A atual vice-campeã mundial encerrou a janela de março com mais dúvidas do que certezas, após dois particulares “em casa”, em que perdeu com a Alemanha (2-0) e sofreu para vencer o Chile (3-2). No entanto, o futebol sem brilho, a forma física e, especialmente, a fragilidade defensiva preocuparam. “Para ter um bom desempenho em junho, teremos que fazer muito mais”, admitiu, na terça-feira, o selecionador francês Didier Deschamps, que também se mostrou ciente de que alguns jogadores estão mais focados na reta final da temporada de clubes do que no Europeu, que para alguns ainda é um cenário distante.
A exibição de Kylian Mbappé contra os chilenos foi uma amostra disso: em alguns momentos pareceu apático e os assobios dos adeptos no Vélodrome, em Marselha, não ajudaram a motivá-lo. O craque francês voltará ao mesmo estádio no domingo para enfrentar o  Marselha, desta vez com a camisola do Paris Saint-Germain.

ESPANHA Como tem acontecido nos últimos anos, a Espanha voltou a mostrar duas caras, embora os jogos com Colômbia (derrota por 1-0) e Brasil (3-3) tenham servido para perceber qual será o estilo de jogo da ‘La Roja’.
Contra a seleção brasileira, os jovens Lamine Yamal e Nico Williams mostraram que são um perigo pelas alas, apoiados na mobilidade e eficiência de Dani Olmo no meio-campo, sem esquecer Rodri como peça fundamental que sustenta todo a engrenagem.
Ainda assim, a campeã da última Liga das Nações deixa duas grandes dúvidas: A primeira é se jovens como Yamal (16 anos), Pau Cubarsí (17) e Williams (21) poderão assumir um papel de liderança na equipa, já a segunda se refere a quem será o ponta de lança.
O capitão Álvaro Morata não parece ser o mesmo jogador eficaz da primeira metade da temporada e os candidatos a substituí-lo, como Mikel Oyarzabal, Gerard Moreno ou Joselu, não deram um passo decisivo para assumirem o papel de titular na posição 9.

INGLATERRA Jude Bellingham salvou a Inglaterra de uma segunda derrota em Wembley. O craque do Real Madrid conseguiu marcar no tempo de compensação (90+5 minutos) e garantiu assim o empate com a Bélgica (2-2), no emblemático estádio de Londres, onde poucos dias antes o Brasil tinha vencido (1-0).
Os dois amigáveis da seleção inglesa foram contra equipas de alto nível e o saldo não foi positivo, o que não ajudou a reforçar a confiança do vice-campeão europeu.
Mas pode dizer-se que há um fator atenuante: as lesões pesaram muito para o treinador Gareth Southgate, que não pôde contar com vários jogadores importantes nesses jogos, incluindo o capitão Harry Kane e o parceiro de ataque Bukayo Saka. “O melhor é que alguns jogadores aproveitaram esta oportunidade. Isso pode dar-nos mais profundidade” de banco, disse Southgate, que testou vários jovens, incluindo o promissor Koobie Mainoo, de 18 anos (Manchester United).

PAÍSES BAIXOS Certamente não entra de caras no grupo dos grandes favoritos ao título europeu, mas é sempre preciso contar com os Países Baixos, que venceram a Escócia (4-0) na última sexta-feira e perdeu para a Alemanha na terça-feira (2-1).
O selecionador Ronald Koeman quase não fez alterações na equipa que, quando era comandado por Louis van Gaal, foi eliminada nos penáltis pela Argentina nos quartos de final do Mundial do Catar.
A grande contribuição de Koeman foi apostar em Xavi Simons que, com quase 21 anos, começa a justificar as expectativas que gerou quando pertencia à ‘La Masia’ do Barcelona.
Para apoiar o atual médio do Leipzig, Koeman continua a contar com a velha guarda, com uma defesa muito experiente (Van Dijk, Aké, De Ligt, Dumfries) e avançados sempre decisivos (Memphis, Gakpo e Weghorst), sem esquecer que Frenkie de Jong que ficou de fora desses jogos devido a uma lesão, deverá ser titular no meio-campo no torneio que se realiza na Alemanha.

BÉLGICA No caso dos ‘Diabos Vermelhos’ belgas, os jogos deste mês de março deixaram um gosto amargo.
Ver uma grande vitória escapar em Wembley nos descontos foi uma oportunidade histórica desperdiçada e o outro amigável, poucos dias antes, foi um triste empate a zeros na visita à Irlanda.
A Bélgica, atual quarta classificada no ranking da FIFA, precisará de algo mais para mostrar um bom desempenho no Euro 2024 e fazer com que os adeptos perdoem a péssima campanha no Mundial 2022, marcada por disputas internas e uma eliminação ainda na fase de grupos, que precipitou a saída do técnico Roberto Martínez e a entrada de Domenico Tedesco.

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